Matar inimigos em games é equivalente a brincar de polícia e ladrão

A morte real e a morte nos videogames

Depois do trágico acontecimento com o querido amigo Claudio Batistuzzo, o Batz, Fundador do site GamesBrasil, passei a divagar sobre a morte. Sabemos que - apesar de inevitável - este não é o assunto favorito de ninguém. É um tema difícil e dolorido de se lidar.

Por isso, poucos dias depois, ainda comovido com o fato, me peguei jogando “Assassin’s Creed Brotherhood” coisa que me fez levantar uma questão. Enquanto lançava golpes em dezenas de Cavaleiros Templários percebi (mais uma vez) a tamanha bobagem em associar games à violência.

Quando se está com o controle de um videogame em mãos prestes a atirar, distribuir socos, invocar magias ou desmembrar um inimigo, em nada se parece com o sentimento de perda, morte ou sofrimento. Sei que o dilema Games X Violência é batido, mas o fato é que matar infinitos inimigos sem piedade em games de tiro é equivalente a fazer um gol em “FIFA” ou “Pro Evolution Soccer” (o que também em nada se compara ao ver seu time do coração fazer um gol nos gramados reais).

modern warfare

Nos filmes, por exemplo, é diferente. Neles você acompanha a trajetória de algo ou alguém e se identifica com o personagem, o que caso ele chegue a morrer você pode se sensibilizar com a cena. Agora, vamos combinar que ninguém vai chorar vendo alguém morrer em “Call of Duty”.

É como atingir uma bolinha de tinta no seu oponente numa partida de Paintball. Ninguém aprende a lidar com a morte ou sente condolências porque o amigo do multiplayer teve seu avatar morto em uma rajada de bala. É faz-de-conta. Tão ingênuo quanto brincar de polícia e ladrão.

Muitas pessoas já dissertaram sobre a violência nos games, no livro “Brincando de Matar Monstros”, de Gerard Jones, o autor entre muitos argumentos resume no trecho abaixo como a ação nos videogames pode ser saudável e trazer até algumas lições de vida às crianças:

“A conquista dá uma sensação boa; Objetivos são conquistados por meio do comprometimento total; É preciso fazer escolhas claras; Às vezes, o conflito é útil; Às vezes, é preciso romper com velhos hábitos; É possível sobreviver à perda e a derrota; Correr riscos traz recompensas; Podemos até ter medo – mas faremos o que é preciso de qualquer modo; Monstros podem ser destruídos; A auto-afirmação é poderosa; Se eu simplesmente for eu, isso é um ato heróico.”

manhunt 2

Essas ações em nada se parecem com a morte real. A violência nua e crua não auto-afirma ninguém. A morte não é uma conquista. A morte não é remediável. Na vida real não existem monstros. Videogame é brincadeira, passatempo, diversão e simulação. Que me desculpe os mais xiitas, mas não é porque se pode simular uma batalha dentro de um mundo virtual que você sabe como é estar em uma guerra.

O sentimento de simular é diferente do sentimento de viver, sentir, pegar, apertar, chorar. Não que os videogames não tragam comoção, mas personagens de pixels não têm família. Protagonistas de videogame não têm amigos. Portanto, acertar golpes em quinze Cavaleiros Templários de uma só vez não afeta nada, nem a ninguém.

Sem culpa, caro amigo leitor, continue aniquilando os inimigos do seu jogo favorito. Aproveite inclusive para relaxar, pois creio que esta é uma das poucas maneiras que a morte frente a frente passa despercebida.

7 comentários:

Anônimo disse...

excelente texto, bem redigido. Concordo com tudo isso ai, minha mãe era assim, não podia me ver jogando meu querido 007 no velho 64 que já vinha falar q eu ia matar alguem, depois de um tempo ela viu que a unica coisa que mudou em jogar jogos que trazem a morte ou muita violencia, era que eu ficava menos tenso com os estudos, pois tinha algo pra me divertir e distrair. Video game não cria monstros, a sociedade cria!

Allan disse...

Cara, genial o texto, com os devidos direitos a voce foi republicalo no meu blog: www.levelgamer.com

Jim Monteiro disse...

Em certo momento você escreveu "Tão ingenuo quanto brincar de polícia e ladrão." O problema é que até essa brincadeira ingênua é vista pelos pedagogos hoje em dia como algo ruim. Eles acham que qualquer coisinha vai tornar a criança um serial killer. Videogame não transforma ninguem em bandido.

Anônimo disse...

E os pais que acham que os games podem "deformar" o caráter dos filhos podem gerar conflitos como os mostrados nesse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=sjBY2LDpRW0&feature=player_embedded

^^

Vinicius Duarte disse...

Eu quase chorei em CoD:MW2 onde o Ghost se nao me engano morre!!

uma missao onde vc fica numa casa protegendo uns arquivos que estao sendo copiados!!
ai vc sai correndo para um lugar la, onde tem uma porrada de inimigos
ai chega um aviao, parecendo que ia salvar vc e o Ghost que tava de apoiando
ai ele pega a pasta e da uns tiro no Ghost e mata vc e ele
e queima os dois
nao cherei
mas aquela parte foi triste

Artur Barrozo disse...

E mesmo tbm quazer chorei sao todos jogos legais mais as pessoas (pais)nao pensao como nos e acha quee esse jogos podem leva os filhos na perdiçao do mundo e pura bobagem sao todos jogos com alta qualidade e se fosse jogos que nao poderia se jogar por motivoos de serem com estrema "violencia" dos games nao seriao vendidos abraços e comenta ae e um feliz natal a todos

Bryan Lourenço disse...

Cara, a morte do Ghost realmente foi chocante!
Personagem MUITO marcante dos games, junto com Captain Price. Ótimo jogo!
Eu realmente cheguei a pensa: o que será de "Modern Warfare" sem o Ghost?
Mas a Activision resolveu o problema, e destruiu de vez a Infinity Ward!

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